Once Upon a Puppet apresenta teatro encantador, mas tropeça nos bastidores 3v5l1c
Jogo traz aventura de plataforma 2.5D com estética e narrativa teatral 4q502x
Após oito anos de dedicação, o estúdio independente Flatter Than Earth apresenta sua estreia com Once Upon a Puppet, uma aventura em plataforma e quebra-cabeças 2.5D que aposta alto na criatividade estética e na narrativa teatral. E embora o jogo entregue um espetáculo visual cativante, a experiência como um todo não escapa de alguns tropeços importantes. m651f
Então se ajeite em sua poltrona enquanto as cortinas finalmente se levantam, e confira aqui com Game On o que achamos do espetáculo apresentado por Once Upon a Puppet.
Era uma vez uma marionete 5e813
Em Once Upon a Puppet, os jogadores assumem o controle de uma dupla bem diferente: Nieve, uma assistente de palco sem corpo, representada por uma mão flutuante; e Drev, um boneco de madeira que que é manipulado por Nieve, através de fios mágicos, como uma marionete.
Unidos por essas cordas, eles se veem presos nos Bastidores (também conhecido como Coxia no universo do teatro), uma terra melancólica habitada por adereços abandonados e marionetes descartadas, a maioria dos quais jogados fora pelo próprio Rei, que teria enlouquecido após o desaparecimento de seu filho.
A narrativa, por si só, tem um charme próprio. É uma história de conexão entre esses dois seres, de descoberta e redenção - tudo regado com toques de um conto de fadas. Mas apesar dessa ambientação muito simpática e uma dinâmica entre os protagonistas que se desenvolve de forma bacana ao longo das cerca de seis horas de jogo, o enredo raramente surpreende. Os clichês da fantasia estão todos lá, e as reviravoltas narrativas não têm tempo de amadurecer. O resultado é um enredo que agrada e encanta, mas dificilmente emociona.
A jogabilidade de Once Upon a Puppet é familiar para quem já explorou títulos como Inside, Little Nightmares ou Brothers: A Tale of Two Sons, e envolve puxar alavancas, empurrar objetos, evitar inimigos e resolver quebra-cabeças simples, tudo muito funcional, mas nada que inove ou realmente ofereça um grande desafio.
Uma de suas características é o controle simultâneo dos dois personagens: Drev e Nieve possuem comandos separados em cada analógico do controle, e há momentos onde o uso coordenado de ambos é essencial. É uma mecânica divertida e bem integrada à narrativa, mesmo que remeta diretamente à proposta já estabelecida por outros títulos, como o clássico Brothers: A Tale of Two Sons.
Há uma boa variedade de mecânicas e habilidades novas introduzidas capítulo a capítulo, o que ajuda a manter o ritmo por um tempo. No entanto, a criatividade parece se esgotar cedo demais, e o ato final do jogo perde um pouco do frescor, reciclando desafios e apostando mais na estética do que na evolução da jogabilidade.
O espetáculo visual u5v4s
Se tem um elemento em que o jogo realmente brilha é na sua apresentação artística, que lembra muito o excelente Puppeteer, lançado em 2013 e que ficou esquecido no PlayStation 3, ou ainda o clássico Dynamite Headdy da Treasure, lançado em 1994 para o nosso querido Mega Drive.
O mundo de Once Upon a Puppet foi cuidadosamente construído para parecer um palco de teatro em miniatura, com cenários feitos de madeira, papelão e barbante. Cada ambiente é uma obra de arte que reforça o conceito de uma peça teatral em constante transformação e interação, com destaque para a iluminação e sombras, que reforçam sua estética e tom de forma consistente.
Os personagens, com seus corpos de madeira e metal e com articulações visíveis, têm animações que expressam peso, intenção e personalidade. A trilha sonora, composta por Arkadiusz Reikowski, combina perfeitamente com esse mundo encantado - ora melancólica, ora mágica - e os efeitos sonoros complementam o pacote, dando vida até ao menor estalo de madeira.
Até os itens colecionáveis seguem o tema: adereços de palco acompanhados de citações de nomes como Shakespeare e Oscar Wilde, um toque de muito bom gosto que reforça o espírito literário da obra.
Por trás da cortina: os tropeços técnicos 16t6i
Apesar da riqueza visual, o game sofre com alguns problemas técnicos que atrapalham a fluidez do espetáculo, especialmente no PlayStation 5. Quedas de framerate, falhas de animação, inimigos deslizando pelo cenário, paredes invisíveis e pequenos bugs visuais interferem na imersão e podem frustrar, especialmente quando o sistema de morte com um único golpe não perdoa.
Esses problemas isoladamente não prejudicam a experiência do jogo como um todo, mas sua frequência e a falta de polimento geral indicam que o título talvez tenha sido lançado antes de atingir sua melhor forma.
Por fim, vale citar que o game não possui localização em português, com todos os textos, menus e legendas (que poderiam ser um pouco maiores na tela) estão disponíveis em inglês e outros idiomas - e para um jogo de plataforma 2.5D ele apresenta uma impressionante quantidade de diálogos com personagens NPC, que ajudam a contar a história ou dar um maior contexto a esse universo teatral e seus problemas.
Considerações 5i713j
Once Upon a Puppet é uma prova de que a paixão de um estúdio pode criar mundos belos e experiências memoráveis, mesmo que imperfeitas. A direção de arte e o conceito teatral de destacam, e há alma nos personagens e no universo apresentado. Contudo, a falta de profundidade na narrativa e os tropeços técnicos impedem que o jogo alcance seu verdadeiro potencial. Ainda assim, é uma estreia promissora para a Flatter Than Earth, um estúdio que, com mais experiência e ajustes, pode muito bem entregar futuros clássicos do cenário indie. Vamos aguardar os seus próximos trabalhos.
Once Upon a Puppet está disponível para PC, PlayStation 5, Switch e Xbox Series X|S.
*Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Daedalic Entertainment.