Alunos periféricos de Salvador disputam concurso de robótica 2t4cn
Estudantes chegam à final internacional em competição que abre portas para carreiras tecnológicas z2t
Duas equipes de estudantes da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, localizada na Fazenda Grande do Retiro, periferia de Salvador, disputarão o Festival Internacional SESI de Robótica. Elas venceram as etapas regional e nacional e agora vão para o Rio de Janeiro, onde ocorre a disputa no início de agosto, aberta ao público. m711e
Entre as 20 equipes brasileiras e cerca de 10 times internacionais, estão as baianas Sevenspeed e a XMACHINE, formadas por alunos de diversas periferias de Salvador, como Doron, Boca do Rio e Periperi, um subúrbio ferroviário da capital.
Sob orientação dos professores Robson Nunes e Thiago Moreno, a participação dos jovens estudantes com idades entre 17 e 18 anos representa muito mais do que concorrer em um evento internacional. É a reafirmação do quanto a educação pode abrir possibilidades e apresentar novos caminhos para os jovens de periferia.
De acordo com Jennifer Lima Bitencourt, mentora em estratégia, a robótica proporciona um desenvolvimento pessoal que estudantes do SESI não possuíam antes. “Em uma escola com políticas de bolsas integrais, ela oferece a estudantes de diversas periferias a oportunidade que não tinham. Dos 13 estudantes envolvidos, oito são bolsistas na modalidade integral”.
Dificuldades no percurso
De acordo com o estudante João Vitor, um dos desafios da equipe XMACHINE no processo de preparação é a falta de recursos na escola. Por isso, eles precisam aguardar o retorno do material de preparo das invenções robóticas enviado aos patrocinadores. “Pelo fato de não ter recursos na escola, ficamos à mercê do tempo. Qualquer alteração que fizermos no robô, temos que primeiro modelar, levar o material para um de nossos patrocinadores em corte MDF e esperar. Assim também ocorre com nossas impressões em 3D, e isso interfere na evolução”, explica o estudante.
Segundo representantes da equipe Sevenspeed, é de extrema importância que eventos como o do SESI aconteçam, pois estimulam a descoberta, novas atividades, além de um aprendizado único. Ações colaborativas são estimuladas e acontece, inevitavelmente, o preparo para as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
“Essas experiências ajudam a nivelar o campo de atuação, permitindo que nós tenhamos as mesmas chances de sucesso e crescimento pessoal e profissional, ampliando horizontes educacionais e abrindo portas para futuras carreiras”, diz um dos estudantes.
Ganhos são maiores do que o prêmio
Para o professor Robson, da equipe Sevenspeed, é muito gratificante poder acompanhar seus jovens estudantes numa etapa tão importante. “Me sinto orgulhoso de levar meus alunos para participar de um torneio internacional e mudar para melhor a visão que eles têm do mundo. Saber que o mundo é muito maior que apenas a periferia, becos e vielas da cidade de Salvador”.
Segundo Robson Nunes, “o que eles vão aprender é muito mais importante do que eles vão ganhar. Espero que tragam na mala muito conhecimento, muito aprendizado. E que sigam o exemplo de outros alunos, que já estudam, já fazem universidade, mudando sua realidade e a da sua família. Como educador, isso me deixa muito feliz, essas histórias refletem para o bem”, conclui.
Serviço
O Serviço Social da Indústria (SESI) realiza, entre os dias 2 e 5 de agosto, no Rio de Janeiro (RJ), o Festival Internacional SESI de Robótica. O evento, aberto ao público a partir do dia 3, terá competições das modalidades F1 in Schools, FIRST Tech Challenge (FTC) e FIRST Robotics Competition (FRC).