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Técnico Tite: saúde mental ganha espaço no esporte e na vida pública 2j3u68

Pausa na carreira de treinador renomado, prestes a assumir um grande clube, reforça a importância do autocuidado em um mundo de pressões 2059m

25 abr 2025 - 04h59
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Tite desistiu de trabalho no Corinthians para cuidar de saúde mental
Tite desistiu de trabalho no Corinthians para cuidar de saúde mental
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

A decisão do técnico Tite de recusar a proposta do Corinthians para voltar a assumir o comando do time paulista revelou algo mais complexo do que uma mera negociação frustrada. Segundo o treinador, a escolha de não o contrato aconteceu após uma crise de ansiedade que ele teve às vésperas de viajar para São Paulo, o que o levou, junto à família, a tomar a difícil decisão de pausar sua carreira para poder se cuidar. 161k1b

“Entendi que existem momentos em que é preciso compreender que, como ser humano, posso ser vulnerável – e itir isso certamente vai me tornar mais forte”, afirmou Tite em declaração pública. “Sou um apaixonado pelo que faço e assim seguirei sendo, mas, conversando com a minha família e observando os sinais que o meu corpo está emitindo, decidi que o melhor a fazer agora é interromper minha carreira para cuidar de mim pelo tempo que for preciso.”

Tite, que estava sem dirigir um clube desde sua agem pelo Flamengo, entre 2023 e 2024, soma-se a uma lista crescente de figuras públicas que têm exposto com coragem suas batalhas com a saúde mental – e isso tem um efeito potente: contribui para que o tema ganhe espaço, legitimidade e empatia.

Nos últimos meses, outros nomes conhecidos também pausaram suas carreiras. O humorista Whindersson Nunes se internou voluntariamente após compartilhar com o público que não estava bem. A cantora Liniker também decidiu se afastar e buscar acompanhamento especializado em um momento delicado. Justin Bieber, por sua vez, embora mais reservado, tem dado sinais de que ainda enfrenta dificuldades emocionais, o que acendeu o alerta para seus fãs e seguidores.

Todos esses casos mostram que o sofrimento mental não escolhe profissão, fama ou prestígio. É silencioso, por vezes invisível, mas real — e pode afetar qualquer um. Quando a pessoa está muito exposta, poder parar, assumir que não está bem e compartilhar isso com o público é um desafio adicional.

É importante perceber o que há de novo nesse cenário: mais do que nunca, as pessoas estão começando a falar sobre saúde mental com mais naturalidade, sem esconder, sem vergonha, sem medo de parecerem fracas ou vulneráveis. Ao contrário — como bem disse Tite, itir a própria vulnerabilidade pode ser um ato de força e sabedoria.

Vivemos tempos em que pressões, cobranças e expectativas se acumulam rapidamente, seja no ambiente de trabalho, nas redes sociais ou na vida pessoal. Reconhecer os sinais que o corpo emite é uma medida de autocuidado — e, muitas vezes, de sobrevivência.

Ao se afastarem, essas figuras públicas nos lembram de algo essencial: cuidar da saúde mental faz parte do jogo da vida. E parar, quando necessário, não é perder, nem empatar — é ganhar.

Jairo Bouer é médico psiquiatra e escreve semanalmente no Terra

Fonte: Jairo Bouer
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