Israel atrai protestos da Europa com tiros próximos a diplomatas em visita à Cisjordânia 315d27
Países europeus condenaram nesta quarta-feira um incidente em que soldados israelenses dispararam tiros perto de uma delegação diplomática na Cisjordânia ocupada, com a Itália e a França convocando embaixadores israelenses para explicar o ocorrido. 5n4v4w
O Exército israelense disse que a delegação "desviou-se da rota aprovada e entrou em uma área onde não estava autorizada a estar", acrescentando que os soldados dispararam "tiros de advertência para distanciá-los". Não foram registrados ferimentos ou danos.
Imagens da televisão israelense mostraram pessoas correndo para veículos com placas diplomáticas enquanto tiros eram ouvidos à distância.
Em uma publicação na plataforma de mídia social X, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, chamou o incidente de "inaceitável", enquanto o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou que o embaixador de Israel na Itália teria que explicar as ações.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, um aliado fiel de Israel, condenou o que chamou de "disparos não provocados". A pasta argumentou que a delegação na cidade de Jenin, na Cisjordânia, foi oficialmente registrada e estava conduzindo atividades diplomáticas em coordenação com a Autoridade Palestina e o Exército de Israel.
A chefe de Política Externa da União Europeia, Kaja Kallas, pediu uma investigação oficial.
"Pedimos a Israel que investigue esse incidente e também que responsabilize os responsáveis por qualquer ameaça à vida dos diplomatas", disse ela.
O incidente ocorre em meio à crescente pressão internacional sobre Israel para interromper sua guerra em Gaza e permitir que as entregas de ajuda humanitária cheguem a uma população que, segundo especialistas das Nações Unidas, está no limiar da fome extrema após um bloqueio israelense de 11 semanas.
Na terça-feira, Kallas solicitou uma revisão do acordo comercial entre a UE e Israel em resposta às ações dos israelenses em Gaza, ressaltando o crescente isolamento internacional de Israel em relação à sua conduta na guerra de 20 meses em Gaza.
O Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse que o disparo de tiros contra diplomatas, inclusive da Turquia, foi "mais uma demonstração do desrespeito sistemático de Israel pelo direito internacional e pelos direitos humanos".
O Ministério das Relações Exteriores da Espanha disse que um espanhol estava no grupo de diplomatas.
"Estamos em contato com outros países afetados para coordenar conjuntamente uma resposta ao que aconteceu, o que condenamos veementemente", disse em um comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina disse que "a delegação estava realizando uma missão oficial para observar e avaliar a situação humanitária e documentar as violações contínuas perpetradas por" Israel. O ministério classificou as ações dos militares israelenses como uma violação do direito internacional.
O Exército de Israel matou dezenas de palestinos e destruiu diversas casas na Cisjordânia desde janeiro, quando lançou uma operação em Jenin para a eliminação de militantes.
