"Numa reunião, gritaram 'travesti'; ensinei a normalizarem minha presença" 3f2v3
Raquel Virgínia, CEO da Nhaí!, criou o evento Contaí Summit para empreendedores LGBTQIA+; o Terra transmite os painéis sexta, 15/07, às 14h 5nkl
Raquel Virgínia é mulher trans, preta, que nasceu e foi criada na periferia de São Paulo. Apaixonada por música, foi da banda musical de sucesso As Baías, com a qual conquistou duas indicações ao Grammy Latino. Hoje, como CEO da Nhaí!, empresa que ajuda marcas a se reposicionarem e aprender – em todos os âmbitos e setores – sobre diversidade, Raquel está fazendo história ao olhar para o mercado empreendedor LGBTQIAP+. 236k4h
Foi assim que criou o Contaí Summit, evento inédito que reúne centenas de lideranças e empreendedores da comunidade para alavancar suas redes de contato, seus aprendizados e seus negócios. A última edição aconteceu no Hotel Unique, em São Paulo, e contou com patrocínio da Avon, Ambev, Meta, Absolut e Chandon. O Terra é parceiro de mídia do evento e transmite os painéis na sexta-feira, dia 15 de julho, a partir das 14h, no Terra, YouTube,TikTok e Twitter de Terra NÓS. A seguir, confira a entrevista com Raquel Virgínia.
Terra NÓS: Conte um pouco da sua trajetória pessoal até se tornar artista.
Raquel: Sou nascida e criada no Jardim Miriam e Grajaú, regiões da periferia da Zona Sul da cidade de São Paulo. Minha mãe me criou de maneira solo, meu pai participou muito pouco. Eu era uma criança muito solitária, embora extrovertida e expansiva criativamente, sempre quis ser artista. Uma época, morei na Bahia, em Salvador, porque um dos meus maiores sonhos era puxar trio elétrico. Fiz faculdade de história na Universidade de São Paulo (USP) e lá fundei a banda “As Baías”, que me rendeu, entre muitas outras coisas, duas indicações ao Grammy Latino.
Terra NÓS: Você lembra de alguém que foi fundamental na sua vida?
Raquel: Não tenho uma única pessoa fundamental, mas o teatro foi fundamental na minha vida. Sempre amei coxia. Eu pedia para entrar em muitas coxias de teatros. Uma vez, Paulo Autran, me deixou ver um ensaio dele e me disse que artistas têm que sonhar e batalhar. Eu tinha 13 anos e aquilo foi muito forte para mim.
Terra NÓS: Quais você acredita que foram suas maiores barreiras na carreira?
Raquel: Acredito que uma grande barreira foi não ter tido ninguém na família com uma trajetória artística profissional. Não tinha ninguém para me dar dicas e alertas, a carreira artística tem muitas ciladas, começar do zero é complicado. No meu caso, nem entendo como zero e sim como -1, pois, além de tudo, sou negra e da periferia. Tudo foi sempre muito suado.
Terra NÓS: Como você superou seus obstáculos">Raquel: Tenho a missão e o propósito de ajudar a transformar a diversidade nessa potência econômica e de inovação que nós somos. Só quero conseguir contribuir para minha comunidade. Sei que podemos muito mais.