Tiro, porrada e bomba: noticiário policial domina guerra por audiência entre Record, SBT e Band 3r2l1
Joel, Gottino, Bacci e Datena representam a influência do jornalismo criminal na TV aberta 393a7
Criticado por intelectuais e críticos de TV, o jornalismo policial ganhou fôlego e relevância nos últimos tempos. ou a ser imprescindível para a média de audiência da maioria das grandes emissoras. 6w1p1g
Diariamente, o ‘Cidade Alerta’ oscila entre 2º e 3º programa mais visto na Record. O ‘Tá na Hora’ fez o SBT voltar a frequentar o 3º lugar no ranking em sua faixa horária. Na Band, o ‘Brasil Urgente’ se garante no Top 3 das atrações que mais pontuam no Ibope.
Parte numerosa do público gosta de ver perseguições nas ruas, prisão de bandidos, reconstituição de crimes, entrevistas com vítimas ou seus parentes e narração ao vivo de ocorrências.
Casos como o da jovem comerciária Vitória, encontrada morta na Grande São Paulo em fevereiro, são tratados como novela: destrinchados em capítulos, com edição pensada para comover o telespectador, incluindo trilha sonora de suspense.
A cobertura do ‘mundo cão’, tão representativo da aterrorizante realidade brasileira, ganha fôlego com a chegada de Luiz Bacci ao SBT. Ele será o âncora do novo ‘Aqui Agora’. Os detalhes serão anunciados no dia 15, em entrevista da direção da emissora sobre a nova programação.
Após cinco meses no ‘Tá na Hora’, José Luiz Datena agora terá um telejornal policial na RedeTV. Estreia prometida para junho. Há negociação para que ocupe a faixa das 17h às 19h, hoje locada à Igreja Universal do Reino de Deus.
O veterano que supostamente teria saído do SBT incomodado com a contratação do rival Bacci será desafiado a tirar o canal de pontuação inexpressiva no Ibope. Na chamada média-dia, aferida das 7h à 0h, a RedeTV! não consegue nem 0.5 ponto.
Nas tardes da Band, Joel Datena conduz com leveza o ‘Brasil Urgente’ herdado do pai, enquanto na Record, Reinaldo Gottino já se sente em casa quatro meses após assumir o ‘Cidade Alerta’ em consequência da demissão de Bacci.
O problema deste nicho de jornalismo é o flerte constante com o sensacionalismo. Instala-se clima tenso para prender a atenção de quem assiste. Em alguns episódios, promete-se revelação “bombástica” que, após longa expectativa, resulta em detalhe banal.
Ainda assim, possui alguma utilidade por refletir o Brasil em que vivemos. A repercussão das matérias pode ajudar a prender bandidos e alertar a população sobre prevenção de crimes. Outro aspecto positivo é exibir o trabalho da polícia que funciona.
Só não dá para aceitar que a violência receba tratamento de entretenimento a fim de aumentar a audiência. Os apresentadores não precisam aumentar o tom de voz, exagerar na indignação e dramatizar a narrativa. Os crimes já são suficientemente alarmantes.
