Dani Brandi encontra força em trajetória de superação: 'Valeu à pena, mas não foi fácil' 17s3v
Destaque no jornalismo do SBT, Dani Brandi reforça a importância da educação e revisita seu ado em entrevista à CARAS Brasil 4p671p
Para Dani Brandi (41), sua carreira está apenas começando. No comando do Tá na Hora (SBT) e ganhando destaque na emissora de Silvio Santos (1930-2024), a jornalista e publicitária sabe a importância de recordar as origens. Cada vez com mais sucesso, ela encontra em sua trajetória de superação força para encarar novos desafios e inspirar o público. 5sv6o
Diariamente na TV, a jornalista conta que batalhou para estudar e encontrar oportunidades. "Não sou dessa linha de: 'todo mundo tem as mesmas 24 horas'. Cada um tem seu desafio diário e sua problemática de vida. Eu nasci em um berço sem berço. Venho de uma família muito simples, de mãe faxineira", afirma à CARAS Brasil.
Dani Brandi já trabalhou como faxineira, balconista de padaria, vendedora em loja de material de construção e, após concluir sua primeira formação, atuou como publicitária. Sempre com o apoio da mãe, dona Maria, a apresentadora afirma que conseguiu se dedicar aos estudos, à criação da filha, Agatha, que nasceu quando ela tinha apenas 17 anos, e encontrar oportunidades melhores.
"Demorei mais tempo para concluir a faculdade. Ou eu comprava fralda e leite para a minha filha, ou eu pagava a mensalidade. Foi uma fase complicada. Mas hoje, olho para trás e falo: 'Valeu à pena todo o esforço, mas não foi fácil'", recorda.
Pronta para novos desafios, a jornalista usa a força de suas experiências para encarar as mudanças na carreira. Após assumir o comando do Tá na Hora, tornando-se uma das poucas mulheres a apresentar um programa policial, ela diz que sente a conexão com o público e segue com o apoio da família.
"Às vezes minha mãe fala: 'filha, hoje você falou muito rápido aquela notícia, eu e a vizinha não entendemos'. E isso vira um termômetro de melhora, porque ela representa o público popular", conta a apresentadora, que agora se prepara para o retorno do clássico Aqui Agora em junho.
"Estou em uma fase muito importante, profissionalmente falando, tenho aprendido bastante. Mas, eu acho que é só o começo. Tem muita Dani Brandi para as pessoas conhecerem. Quero que a minha história sirva de inspiração para outras pessoas", promete a jornalista, que segue reforçando a importância da educação para todos como fator de mudança, em meio a tantas notícias ruins.
Jornalista, radialista e publicitária, Daniele Brandi ganhou reconhecimento nacional ao se tornar apresentadora do Primeiro Impacto (SBT). Dona de uma trajetória de superação, assumiu o comando do Tá na Hora após a saída de Datena (68) da emissora. Abaixo, ela detalha o Aqui Agora, fala sobre sua relação com a maternidade e recorda momentos marcantes. Leia trechos editados da conversa.
Você tem cada vez mais ganhado destaque na TV e no SBT. Como avalia essa fase?
Estou muito feliz com o que eu tenho conquistado no SBT. Parece que é uma coisa muito rápida, mas não é. Já estou na casa há seis anos, entrei como repórter da madrugada. Sempre tive o sonho de ser apresentadora, sempre foi meu objetivo. As coisas foram acontecendo de uma maneira tão inusitada, digamos assim, porque as oportunidades foram surgindo. Eu saí da reportagem da madrugada, fui fazer os links da manhã para o Primeiro Impacto e, logo na sequência, uma colega de trabalho que fazia direto da redação acabou indo embora do Brasil, surgiu essa vaga, eu fiz o teste, ei e aí foi meu começo como apresentadora. Estou em uma fase muito importante, profissionalmente falando, tenho aprendido bastante. Mas, eu acho que é só o começo. Tem muita Dani Brandi para as pessoas conhecerem.
Foi desafiador, de algum modo, ar a apresentar o programa que antes era comandado pelo Datena?
No Brasil são poucos, ou raros, os nomes de mulheres à frente de um jornal policial. Desde que eu me entendo por gente, quando ligamos nessa faixa horária, a partir das 16h, quando vamos assistir a um jornal policial, nós sempre tivemos nomes masculinos. Como Marcelo Rezende, Luiz Bacci, José Luís Datena, entre outros profissionais… Mas nunca tivemos uma mulher neste horário. Quando veio o desafio de cobrir o Datena com a saída dele do SBT, foi muito grande. E o medo ao mesmo tempo, porque as pessoas estão acostumadas com um homem naquele horário. Mas estou muito feliz com os resultados. O público me recebeu muito bem, me acolhe todos os dias. Temos mostrado isso como resposta na audiência, inclusive. É maravilhoso, um grande marco no jornalismo popular brasileiro ter uma mulher em que só se concorre com nomes masculinos.
Como é revisitar sua trajetória até os dias de hoje?
Chegar onde eu cheguei, de fato é muito difícil. Enfrentamos muitos desafios que são muito corriqueiros para a maior parte da população brasileira até hoje, que é essa dificuldade de ter um bom estudo, conseguir entrar em uma faculdade. Minha mãe foi abandonada pelo meu pai eu tinha 12 anos, e ela criou três filhos sozinha como faxineira. É muito difícil uma mãe, nessas condições, ganhando um salário mínimo conseguir pagar uma faculdade para três filhos, mal a gente conseguia comer e vestir. Ela sempre falou: 'Vocês vão estudar, mas terão que trabalhar para pagar a faculdade de vocês'. Foi muito difícil. Eu fui mãe muito nova, com 17 anos, também mãe solo. Às vezes eu entrava na faculdade e tinha que sair, porque não tinha dinheiro para pagar a parcela, porque ou eu comprava fralda e leite para a minha filha, ou eu pagava a mensalidade. Não tem essa alternativa, você vai optar pelo bem maior que é o filho.
É legal saber sobre o incentivo que sua mãe sempre te deu. Qual o papel dela na sua trajetória?
Minha mãe, a dona Maria, foi uma peça fundamental nessa minha realização profissional. Ela é uma mulher muito simples, vem do interior de Minas Gerais, do Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do Brasil até hoje. Ela foi criada em roça, sem energia elétrica, sem estudo. Mas, ela sempre me incentivou muito. Todas as vezes que eu enxergava uma oportunidade de mudar de trabalho, porque eu também trabalhei como faxineira, fui balconista de padaria, vendedora em loja de material de construção e depois fui para a área comercial e na publicidade, ela sempre me incentivou a buscar algo melhor para o meu objetivo. Ela sempre acreditou no meu dom de comunicação, me incentivou muito, mesmo na simplicidade e na falta de entendimento dela nesse meio. Falar da minha mãe é algo muito profundo para mim. Quando eu fui mãe, ela me deu a mão e me ajudou a criar minha filha. Se eu estou onde estou, eu devo muito à força e ao incentivo que eu recebi da minha mãe todos os dias. Até hoje, às vezes eu fico preocupada com alguma coisa, saio da emissora, ligo para ela e ela consegue me acalmar e me mostrar sempre um lado positivo.
Recentemente, você fez uma publicação com a frase: "Mais importante que saber onde se quer chegar é saber de onde veio". Qual a importância disso para você?
Quando eu morava na Serra da Cantareira, eu tinha uma vida muito difícil. Eu não tinha dinheiro para pegar condução para chegar ao trabalho, e morava em um lugar que dependia de carona para chegar em São Paulo. Uma vez, eu peguei carona com um senhor de uns 70 anos que tinha um carro muito chique, não vou saber dizer qual era, e ele foi conversando comigo e perguntou para onde eu estava indo. Expliquei que eu estava indo trabalhar e depois ia para a faculdade, e ele perguntou que horas eu voltava. Eu chegava tarde, e comentei com ele que eu nem conseguia ver minha filha direito. E perguntou o que eu queria ser, e eu disse: 'Eu ainda não sei o que eu quero, mas quero dar uma vida melhor para a minha filha, mas é difícil. Não vejo muita alternativa para quem vem de onde eu venho'. E ele falou assim: 'Não importa de onde você vem, importa aonde você quer chegar. Mas, quando você chegar, tão importante quanto o lugar que você alcançou, é o lugar de onde você veio. Todas as vezes que você achar que está acima ou abaixo de alguém, olhe para trás e veja de onde você vem'. É um pensamento complexo, que naquele momento me deixou pensando. Hoje eu entendo.
Com certeza sua história inspira muitas pessoas.
Quero que a minha história sirva de inspiração. Vai ter muito esforço, muito trabalho e abrir mão de muitas coisas. Não é esse mar de rosas que vemos na rede social, essa positividade tóxica, que nos força a acreditar em um futuro fácil. Infelizmente, quando viemos de periferia, temos uma visão de que não somos pertencentes a determinados mundos, mas somos. Somos tão dignos quanto, nosso sonho não é menor. Vivemos uma inversão de valores, vemos influenciadores digitais com 10, 12, 13 anos, falando que não vai estudar porque vai viver de curtidas. Eu não aguento isso, com todo respeito.
Quanto aos seus próximos projetos, o que podemos esperar?
Estou vivendo muitas coisas diferentes, prestes a entrar em um projeto novo no SBT, o 'remake' do Aqui Agora. A gente vem com uma roupagem totalmente diferente, atendendo inclusive um pedido da própria direção da emissora, de fazer um jornalismo um pouco mais leve, para que as pessoas se sintam um pouco mais confortáveis com tudo o que vivemos hoje no mundo. É um desafio muito grande, como jornalista. Estou bem focada, se a direção me colocou nesse projeto é porque de alguma maneira confiam no meu trabalho. Mas, também quero muito ter um programa meu. Gosto muito do formato revista eletrônica, em que a gente possa falar sobre coisas sérias com leveza, e daqui a pouco consiga levar um artista, falar sobre música... gosto muito de música, sou apaixonada pelo rádio. Tenho esse projeto, talvez [venha] muito lá na frente, não sei. A vida é muito maluca.
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