Governo recua e adia norma sobre saúde mental no trabalho por um ano 2l2rk
Decisão foi publicada no Diário Oficial da União; há duas semanas, Ministério do Trabalho comunicara que a NR-1 entraria em vigor, mas sem aplicação de multas por um ano 61z1y
O Ministério do Trabalho e Emprego adiou por um ano o início da vigência da nova redação da NR-1, que trata do gerenciamento de riscos psicossociais, incluindo diretrizes sobre saúde mental no trabalho. A portaria nº 765 foi publicada na quinta-feira, 15, no Diário Oficial da União, e adia para 25 de maio de 2026 a aplicação das novas exigências previstas na norma. 5rk1o
A decisão adia a vigência do novo capítulo "1.5 Gerenciamento de riscos ocupacionais". O item 1.5.4 da nova redação trata da identificação, estratificação e elaboração da matriz de severidade dos riscos psicossociais.
No item 1.5.1.5.3, são abordadas questões do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que agora a a abranger explicitamente o risco psicossocial.
Outro ponto essencial é o item 1.5.5.5.2, que trata da investigação de nexo entre doenças e o risco psicossocial.
O Estadão havia antecipado que o governo considerava adiar a norma, com base em relatos de centrais sindicais e confederações empresariais que participaram de uma reunião com o ministro Luiz Marinho.
Dias depois, em 24 de abril, a pasta divulgou uma nota informando que a nova redação da NR-1 entraria em vigor em 26 de maio conforme previsto, mas apenas em caráter educativo. Nesse primeiro ano, não haveria aplicação de multas às empresas.
Na ocasião, o ministro afirmou que o período inicial seria voltado à implantação pedagógica da norma, com as autuações da Inspeção do Trabalho previstas apenas a partir de 26 de maio de 2026.
Na quinta-feira ada, 15, a portaria definiu pelo adiamento da nova redação e não só da multa.
Além de questionar a insegurança jurídica gerada pelas decisões contraditórias do governo, outro ponto alvo de crítica do médico é a falta de transparência no processo. "Existe um comitê tripartite que deveria estar envolvido e reando informações à sociedade, mas isso não tem acontecido".
A NR-1 está em vigor desde 1978 e estabelece as diretrizes gerais de saúde e segurança no trabalho. Com a nova redação, aria a incorporar informações sobre riscos psicossociais. Essas mudanças trariam obrigações específicas para identificar, avaliar e tratar esse tipo de risco nas organizações.
A reportagem entrou em contato com o MTE para entender as razões do adiamento da NR-1, mesmo após o comunicado anterior sinalizando a manutenção do prazo, e questionou se a pasta considera que houve falha de comunicação ou mudança de entendimento interno sobre o tema.
Até a publicação desta reportagem, não houve resposta.
Especialistas já contestavam adiamento, enquanto empresas temiam riscos jurídicos 605e1b
Especialistas em saúde mental e segurança do trabalho ouvidos pelo Estadão alertavam que a postergação poderia atrasar avanços em bem-estar, produtividade e prevenção de acidentes.
Além disso, reforçavam o risco de desmobilização das empresas, que poderiam deixar o tema de lado até a nova data de vigência da NR-1.
Já juristas argumentavam que a maior preocupação do setor empresarial não era com eventuais multas, mas com o impacto jurídico de documentos internos que poderiam ser usados como prova em processos trabalhistas ou previdenciários.
