"Canetas para emagrecer": entenda o risco de uso sem acompanhamento 508h
A Anvisa vai começar a obrigar a retenção de receitas médicas para as chamadas "canetas para emagrecer"; entenda os riscos delas v3l1y
Você com certeza já ouviu falar de alguém que usou as chamadas "canetas para emagrecer" no seu processo de perda de peso. Esses medicamentos, que incluem o famoso Ozempic, entre outros, prometem um emagrecimento mais rápido e já foram recomendados por diversos influenciadores e celebridades. Contudo, usá-los sem recomendação médica é bastante perigoso. 141025
A endocrinologista Milene Guirado explica que as canetas são dispositivos usados para aplicar, de forma subcutânea, medicamentos que imitam alguns hormônios naturalmente produzidos pelo corpo. Essas substâncias atuam diminuindo o apetite, aumentando a saciedade e modulando centros cerebrais ligados à fome e ao prazer de comer.
"A semaglutida e a tirzepatida, por exemplo, são análogos do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1). Além de ajudarem no controle da glicose, o que as torna úteis também no tratamento do diabetes tipo 2, elas promovem a lentificação do esvaziamento gástrico e agem diretamente no hipotálamo, reduzindo o apetite. A tirzepatida atua ainda em outro hormônio, o GIP, o que potencializa a perda de peso com menos efeitos colaterais", informa.
Ou seja, as tais "canetas para emagrecer" são sim eficazes. O problema é que muitas pessoas as veem como a solução completa, e não parte de um tratamento, e as usam sem procurar um médico antes.
"O uso isolado dessas medicações pode levar a perda de massa magra, fraqueza, desidratação e deficiência de vitaminas e minerais, como vitamina B12, ferro e cálcio, por exemplo, o que pode evoluir para quadros de Osteoporose e até mesmo simular o diagnóstico de doença de Alzheimer", diz.
Os perigos do uso sem orientação médica 38675y
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) seguiu o posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) e anunciou no dia 16 de abril, uma diretriz obrigando as farmácias a reterem receitas de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e similares, que são usados para o emagrecimento. A decisão ará a ter valor 60 dias após a publicação no Diário Oficial da União (DOU).
A endrocrinologista explica que o uso dos medicamentos sem prescrição ou acompanhamento médico podem causar náuseas intensas, vômitos, desidratação e até mesmo pancreatite aguda. A médica também orienta que pessoas com histórico de doenças específicas, como Carcinoma Medular da Tireoide, não devem fazer uso desses medicamentos.
"Mesmo quando o paciente apresenta sobrepeso leve ou IMC dentro da faixa normal, mas possui acúmulo de gordura visceral, a mais perigosa, o uso pode ser benéfico. Mas cada caso precisa ser cuidadosamente avaliado por um profissional", disse.
A especialista ainda alerta que em um mundo onde a estética pesa tanto quanto (ou mais do que) a saúde, o apelo de uma "injeção mágica" é grande. "As pessoas querem ficar magras, e não aprender a emagrecer", comenta.
Sem mudança de estilo de vida, a medicação pode ainda levar ao conhecido "efeito sanfona": emagrece rápido, mas recupera o peso logo depois. Além disso, o emagrecimento rápido pode ser um gatilho emocional. "Transtornos alimentares, depressão e ansiedade são riscos reais quando não há e psicológico durante o processo", afirma.
Medicação não substitui alimentação e exercício 4c5dn
Por fim, vale lembrar que, mesmo durante o uso das canetas, a alimentação e a atividade física são indispensáveis. "É preciso musculação para evitar a perda de massa magra e um plano alimentar que reponha nutrientes. Afinal, o apetite fica reduzido", destaca a médica.
A longo prazo, só com o equilíbrio entre alimentação, exercício, sono e controle emocional é possível manter os resultados.