Novas regras de Milei: como brasileiros que vivem na Argentina reagiram às mudanças 196c1r
Ao Terra, especialista explica que principais afetados serão aqueles que estão no processo de permanência no país 5j6c49
O governo argentino anunciou na quarta-feira, 14, uma série de mudanças nas regras de política migratória no país. Entre as medidas, estão a cobrança de serviços públicos, como saúde e educação, para estrangeiros, além da comprovação de renda e antecedentes criminais para quem deseja permanecer no país. 122u1b
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Segundo um levantamento feito pelo Ministério de Relações Exteriores (MRE), em 2022, cerca de 90,3 mil brasileiros viviam na Argentina. Boa parte busca o país para estudar, como é o caso da estudante de medicina Karoline Miranda, de 27 anos.
Natural da Bahia, ela mora no país desde 2016 e explica acreditar que as novas regras serão benéficas para o país devido à alta de imigrantes ilegais, mas destaca ter sido pega de surpresa com as mudanças do governo de Javier Milei. “A princípio não há grandes preocupações com a medida para as pessoas com residência permanente, que é o meu caso. Mas as coisas vão mudar bastante para as pessoas que estão pensando em viver aqui futuramente. Com certeza, [está] muito mais burocrático”, diz.
“Tenho vários amigos brasileiros aqui. Inclusive, minha mãe também mora aqui na Argentina comigo. As mudanças foram uma surpresa para muitos, principalmente porque o Milei já havia dito que as faria, mas muitos, inclusive eu, pensávamos que isso não aconteceria por agora”, explica.
De acordo com a jovem, grande parte dos colegas brasileiros já possui o DNI argentino, um dos pré-requisitos para a matrícula na instituição de ensino, mas ainda há pessoas aguardando a chegada do documento. “Essa notícia, de certa forma, os deixou um pouco apreensivos se vai haver alguma mudança ou dificultar o envio”, pontua.
Luanna Ponciano, de 28 anos, moradora há 7 anos no país e também estudante de medicina, explica que, mesmo com as mudanças, a principal preocupação dos conterrâneos é financeira.
“Tenho contato com outros brasileiros, e a instabilidade financeira da Argentina preocupa mais do que qualquer outra questão no momento. O custo de vida está altíssimo”, ressalta em entrevista ao Terra.
Como funcionarão as novas regras? 4o5t39
De acordo com o advogado e mestre em Direito Internacional pela USP Victor Del Vecchio, se as mudanças forem formalizadas, mediante decreto, a facilidade no ingresso à Argentina será diretamente afetada, incluindo os direitos a migrantes.
“É importante lembrar que políticas migratórias não são apenas temas istrativos — elas revelam os valores que um país escolhe defender. E as novas regras propostas na Argentina indicam uma guinada preocupante, com riscos concretos para os direitos humanos e para a integração regional — esta última, um tema historicamente caro ao país vizinho, mas que perdeu espaço na última gestão”, destaca o especialista em entrevista ao Terra.