Alemanha dissolve grupo de extrema direita antissemita que criou 'reino' paralelo com moeda e leis próprias 41b21
A organização "Reino da Alemanha" foi dissolvida nesta terça-feira (13) por rejeitar o Estado alemão, promover teorias conspiratórias antissemitas e atuar ilegalmente nos setores bancário e de seguros. Fundado em 2012 por Peter Fitzek, ex-instrutor de caratê que se autoproclamou rei, o "Königreich Deutschland" tem sede no leste da Alemanha, nas proximidades de Wittenberg, entre Berlim e Leipzig. 4j1n6q
A organização "Reino da Alemanha" foi dissolvida nesta terça-feira (13) por rejeitar o Estado alemão, promover teorias conspiratórias antissemitas e atuar ilegalmente nos setores bancário e de seguros. Fundado em 2012 por Peter Fitzek, ex-instrutor de caratê que se autoproclamou rei, o "Königreich Deutschland" tem sede no leste da Alemanha, nas proximidades de Wittenberg, entre Berlim e Leipzig. 4j1n6q
A dissolução é uma iniciativa do novo governo alemão que decidiu enfrentar o avanço das ideologias conspiracionistas e extremistas no país, proibindo nesta terça-feira (13) uma importante organização desse movimento, acusada de "atacar a ordem democrática".
Foram realizadas operações de busca em sete regiões contra o chamado "Reino da Alemanha", informou o Ministério do Interior do país. O grupo, que conta com cerca de 6.000 apoiadores, "nega a existência da República Federal da Alemanha" e "rejeita seu sistema jurídico".
A organização "Reino da Alemanha" ("Königreich Deutschland" ou KRD) foi oficialmente proibida a partir desta terça-feira, pois "seus objetivos e atividades violam a legislação penal e contrariam a ordem constitucional", explicou o ministério.
Com várias bases espalhadas pelo país, o grupo criou desde 2012 um "Estado paralelo" em território alemão e estabeleceu estruturas ligadas a crimes econômicos, declarou o ministro do Interior, Alexander Dobrindt.
Apesar de "não ser considerado especificamente um grupo armado" e de "nenhuma arma relevante ter sido apreendida até agora", o movimento "não é formado apenas por nostálgicos inofensivos", afirmou Dobrindt em entrevista coletiva.
Bandeira e moeda próprias 5i243
Em entrevista à AFP no final de 2023, Fitzek apresentou seu "palácio" — um conjunto de prédios reformados onde hasteava sua bandeira, impunha suas leis, emitia moeda e carteiras de identidade. Ele afirmou ter fundado seu próprio Estado como forma de resistir àquilo que considera "manipulação em massa" na sociedade alemã.
Segundo ele, o grupo acolhe apoiadores com "espírito pioneiro" que "querem promover mudanças positivas no mundo".
Peter Fitzek foi detido nesta terça-feira junto com outras três pessoas, incluindo membros fundadores da organização, que ao longo de cerca de dez anos criaram "estruturas e instituições pseudoestatais", segundo o Ministério Público. Entre essas estruturas, há um sistema bancário e um esquema de seguros.
Teses de extrema direita e lembrança tenebrosa do "Reich" de Hitler 636o1b
A operação mobilizou "centenas de agentes das forças de segurança" em todo o país, informaram as autoridades.
Considerado um grupo de "extremistas perigosos" pelo ministério, o "Königreich Deutschland" faz parte do movimento heterogêneo dos "Reichsbürger" ("Cidadãos do Reich"), que não reconhecem a autoridade do Estado nem a legitimidade das instituições. Alguns simpatizantes também defendem teses de extrema direita.
Muitos acreditam na continuidade do antigo Reich alemão anterior à Primeira Guerra Mundial, sob a forma de uma monarquia, que inspirou posteriormente personalidades como Adolf Hitler. Diversos grupos já declararam a criação de seus próprios "miniestados".
Segundo a inteligência interna alemã, esse movimento contava com cerca de 23 mil membros em 2022. A Alemanha ainda abriga aproximadamente "outros 40" grupos que se autodenominam "reinos" ou "impérios", afirmou o ministro Dobrindt.
"Conspiracionistas antissemitas" 4c5w3j
De acordo com o Ministério do Interior, o "Reino da Alemanha" está "em expansão" há vários anos. Seus membros "baseiam sua alegada soberania em narrativas conspiracionistas de caráter antissemita", algo considerado "intolerável em um Estado de direito".
A organização também possui objetivos lucrativos e conduz, há anos, atividades bancárias e de seguros de maneira ilegal por meio de suas estruturas paralelas.
A nova coalizão governamental, liderada pelo chanceler conservador Friedrich Merz e empossada na semana ada, enfrenta o avanço das ideologias de extrema direita.
O partido AfD (Alternativa para a Alemanha), de extrema direita, tornou-se a principal força de oposição no Parlamento após registrar um resultado recorde nas eleições legislativas de fevereiro.
Durante o governo anterior, de Olaf Scholz, diversas organizações ligadas aos "Reichsbürger" foram desmanteladas, muitas vezes com apreensão de armas. A operação desta terça-feira estava sendo planejada "há alguns meses", afirmou o novo ministro.
Plano era "derrubar as instituições democráticas" 125k3u
O caso mais notório relacionado aos "Cidadãos do Reich" veio à tona em dezembro de 2022, quando autoridades desarticularam um grupo armado que planejava derrubar as instituições democráticas do país.
Entre os envolvidos estavam um príncipe, Heinrich XIII, ex-soldados de elite e uma ex-deputada de extrema direita que atualmente responde na Justiça.
Outro grupo chegou às manchetes após planejar o sequestro do ministro da Saúde, Karl Lauterbach, como forma de protesto contra as medidas sanitárias adotadas durante a pandemia de Covid-19.
(Com AFP)