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Israel anuncia expansão recorde de colônias na Cisjordânia ocupada 3932s

29 mai 2025 - 10h46
(atualizado às 12h15)
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Em meio à guerra em Gaza, Israel anuncia que vai expandir colônias em outro território palestino: a Cisjordânia. "Não estamos tomando terras estrangeiras, mas a herança de nossos ancestrais", diz ministro israelense.O governo de Israel anunciou nesta quinta-feira (29/05) a criação de 22 novas colônias judaicas na Cisjordânia ocupada, marcando a maior expansão nesse território palestino em três décadas. 1s4k6o

Soldados israelenses protegendo colonos judeus que tomaram terras de palestinos em 2022 no vilarejo de Burqin, na Cisjordânia ocupada
Soldados israelenses protegendo colonos judeus que tomaram terras de palestinos em 2022 no vilarejo de Burqin, na Cisjordânia ocupada
Foto: DW / Deutsche Welle

"Tomamos uma decisão histórica para o desenvolvimento dos assentamentos: 22 novas localidades na Judeia-Samaria", afirmou o ministro das Finanças de Israel, o político de extrema direita Bezalel Smotrich, utilizando a designação istrativa israelense para o território palestino ocupado militarmente desde 1967.

Smotrich, ele próprio um colono que mantém residência na Cisjordânia, é um dos promotores mais vocais da expansão de colônias judaicas e nos últimos anos. Ele se notabilizou nos últimos anos por negar a existência do povo palestino e defender a destruição e anexação total da Faixa de Gaza, outro território palestino e que atualmente está sob um bloqueio e ofensiva militar israelense.

"Este é um grande dia para os assentamentos e um dia importante para o Estado de Israel. Não estamos tomando terras estrangeiras, mas a herança de nossos ancestrais", acrescentou Smotrich sobre a expansão das colônias na Cisjordânia.

Já o ministro da Defesa, Israel Katz ,afirmou que a expansão dos assentamentos "fortalece nosso domínio sobre a Judeia e Samaria, ancora nosso direito histórico na Terra de Israel e constitui uma resposta contundente ao terrorismo palestino". Ele acrescentou que essa também é "uma medida estratégica que impede o estabelecimento de um Estado palestino que coloque Israel em perigo".

Expansão

As colônias ou assentamentos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental têm se expandido constantemente desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel ou a ocupar os territórios, onde vivem cerca de 3 milhões de palestinos. Nas últimas décadas, no entanto, a criação de novas colônias havia desacelerado, com Israel focando na expansão de assentamentos já existentes.

Em 2023, Israel mantinha e apoiava 144 colônias na Cisjordânia e 12 em Jerusalém Oriental. Algumas dessas colônias já se tornaram verdadeiras cidades encravadas em territórios palestinos, como Beitar Illit, que conta com mais de 60 mil colonos. Ao todo, cerca de 700 mil colonos vivem em assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Há também mais de uma centena de colônias não oficiais, conhecidos como "postos avançados", que normalmente são instalados por colonos armados sem endosso oficial do governo israelense. No entanto, é comum que muitos desses "postos avançados" acabem sendo reconhecidos mais tarde como "assentamentos" oficiais de Israel.

Esse é o caso de parte das 22 colônias anunciadas nesta quinta-feira. De acordo com o jornal israelense Haaretz, entre esses 22 assentamentos, há justamente nove "postos avançados" que devem ser integrados à estrutura oficial de colônias.

Alguns dos novos assentamentos, segundo o Haaretz, estão localizados em áreas remotas da Cisjordânia, como o Monte Ebal, uma colina onde não havia assentamentos entre as cidades palestinas de Nablus e Sa'Nur.

Dois dos novos assentamentos também marcam uma reviravolta simbólica na política israelense do início dos anos 2000. São eles: Homesh e Sa-Nur, que haviam sido desmantelados em 2005 durante o governo de Ariel Sharon. Ao anunciar a reconstrução das colônias, o ministro Smotrich falou em "um retorno histórico";

Apesar de não fazerem oficialmente parte do território de Israel, todos os assentamentos contam com toda uma estrutura de serviços garantida pelo país, como água, eletricidade e proteção do Exército.

Os colonos também estão sujeitos à lei israelense e têm representação no Parlamento, ao contrário dos palestinos, que não têm representação e são sujeitos à lei militar. Em muitos casos, as colônias estão instaladas em locais estratégicos, resultando na separação de cidades palestinas umas das outras e dificultando o deslocamento.

Uma parte desses colonos também é formada por não-israelenses. Em 2015, uma pesquisa da Universidade de Oxorfd estimou que pelo menos 60 mil judeus nascidos nos EUA viviam em colônias instaladas na Cisjordânia ocupada.

Críticas

A maior parte da comunidade internacional considera os assentamentos ilegais e um obstáculo a uma solução de paz duradoura na região. Os assentamentos também são reprovados pelas Nações Unidas, que consideram que por causa deles os palestinos já quase não têm um território que viabilize uma solução de dois Estados.

Ações violentas de colonos extremistas, especialmente no estabelecimento dos "postos avançados", também já levaram a União Europeia, o Canadá e o Reino Unidos a impor sanções contra indivíduos que moram nas colônias.

Recentemente, um documentário da BBC colocou novamente em foco a atuação da colona Daniella Weiss, líder da organização radical Nachala, que há décadas promove a expansão dos "postos avançados" e assentamentos e agora está de olhoem expandir as colônias também na devastada Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 2 milhões de palestinos.

Weiss e seu movimento já foram sancionados pelos canadenses e britânicos por "ameaçar, perpetrar, promover e apoiar atos de agressão e violência contra indivíduos palestinos".

Nesta quinta-feira, a ONG israelense Peace Now, que pesquisa e monitora a proliferação de assentamentos em território palestino, afirmou que a aprovação das novas colônias demonstra que "a anexação dos territórios ocupados e a expansão dos assentamentos" são o "objetivo principal" do governo de Benjamin Netanyahu.

O grupo ressaltou que esta é a medida mais abrangente do gênero desde os Acordos de Oslo de 1993, que dividiram o território palestino em três zonas e estipularam a retirada gradual das tropas israelenses, o que não ocorreu.

Além disso, adverte que "transformará drasticamente a Cisjordânia e consolidará ainda mais a ocupação".

"Em um momento em que tanto a opinião pública israelense quanto o mundo inteiro exigem o fim imediato da guerra, o governo deixa claro, mais uma vez e sem reservas, que prefere aprofundar a ocupação e promover a anexação de fato em vez de buscar a paz", lamentou a Peace Now.

Um porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas - que governa pequenas partes da Cisjordânia que não estão sob controle total dos israelenses - chamou a nova expansão das colônias de uma "escalada perigosa" e acusou Israel de continuar a arrastar a região para um "ciclo de violência e instabilidade".

"Esse governo israelense extremista está tentando, por todos os meios, impedir o estabelecimento de um Estado palestino independente", disse o porta-voz Nabil Abu Rudeineh.

Após o anúncio, os governos do Reino Unido condenaram a nova expansão. "O Reino Unido condena essas ações", escreveu na rede social X o subsecretário de Estado britânico das Relações Exteriores, Hamish Falconer. "Os assentamentos são ilegais segundo o direito internacional, ameaçam ainda mais a solução de dois Estados e não protegem Israel", acrescentou.

A Jordânia também criticou o anúncio israelense e afirmou que ele mina "as perspectivas de paz ao consolidar a ocupação".

A epxansão também é anunciada num momento em que muitos palestinos temem que Cisjordânia vire uma "segunda Gaza". Desde janeiro, Israel tem executado ações militares na região que já resultaram no deslocamento de pelo menos 40 mil palestinos.

jps (Reuters, AP, AFP, DW, ots)

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