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Estudo liga óleos vegetais de cozinha a câncer de mama agressivo, mas não há motivo para pânico 726467

Um estudo relacionou o ácido linoleico - uma gordura encontrada em muitos óleos comuns - com um tipo de câncer de mama agressivo, reacendendo o debate sobre como nossas dietas afetam nossa saúde. 374h5u

29 mai 2025 - 19h30
(atualizado em 30/5/2025 às 11h20)
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Pesquisa identificou uma ligação entre o ácido linoleico, gordura comum contida em óleos como o de soja e um tipo de câncer de mama: descoberta, embora significativa, exige uma interpretação cuidadosa para evitar alertas desnecessários e fornecer orientações úteis ao público BearFotos/Shutterstock
Pesquisa identificou uma ligação entre o ácido linoleico, gordura comum contida em óleos como o de soja e um tipo de câncer de mama: descoberta, embora significativa, exige uma interpretação cuidadosa para evitar alertas desnecessários e fornecer orientações úteis ao público BearFotos/Shutterstock
Foto: The Conversation

Há muitas evidências que mostram que nossas dietas e os alimentos que ingerimos podem influenciar o resultado se tivermos o azar de sofrer de câncer. 52q2z

Os cientistas estão especialmente interessados em como isso acontece, em particular os mecanismos celulares e moleculares por trás dessas associações. Isso informaria melhor as recomendações nutricionais e nos ajudaria a entender como o câncer se forma para que possamos preveni-lo.

Agora, um estudo identificou uma ligação molecular entre o ácido linoleico, uma gordura comum contida nos óleos de cozinha e um tipo de câncer de mama agressivo, reacendendo a discussão sobre as escolhas alimentares e o risco de câncer. As descobertas, embora significativas, exigem uma interpretação cuidadosa para evitar alertas desnecessários e fornecer orientações úteis ao público.

Ácido graxo comum 2l4e1j

O ácido linoleico é um ácido graxo (gordura) ômega 6 encontrado em quantidades abundantes nos óleos de soja, girassol e milho. Pesquisadores da Weill Cornell Medicine, em Nova York, mostraram que ele pode ativar diretamente uma via de crescimento em células de câncer de mama triplo-negativo, um tipo de câncer de mama especialmente conhecido por sua agressividade e opções limitadas de tratamento.

O câncer de mama triplo-negativo representa cerca de 15% de todos os casos de câncer de mama, mas como o câncer de mama é muito comum, isso afeta muitas pessoas. Os pesquisadores descobriram que o ácido linoleico se liga a uma proteína chamada FABP5 (fatty acid-binding protein 5), que se encontra em níveis elevados nessas células cancerosas.

Essa ligação aciona a via mTORC1, um regulador essencial do crescimento e do metabolismo celular, alimentando a progressão do tumor em pesquisas pré-clínicas, inclusive em estudos com animais. Minha pesquisa atual concentra-se nessa via em uma variedade de células normais e cancerosas.

No novo estudo, camundongos alimentados com uma dieta rica em ácido linoleico desenvolveram tumores maiores, sugerindo que a ingestão pode exacerbar o crescimento desse câncer. Também foi encontrada uma ligação com pessoas: níveis elevados de FABP5 e ácido linoleico foram detectados em amostras de sangue de pacientes com câncer de mama triplo-negativo, reforçando a plausibilidade biológica dessa relação. O Dr. John Blenis, autor sênior do artigo, disse:

Essa descoberta ajuda a esclarecer a relação entre as gorduras da dieta e o câncer e lança luz sobre como definir quais pacientes podem se beneficiar mais de recomendações nutricionais específicas de forma personalizada.

Também é possível que as implicações se estendam além do câncer de mama triplo-negativo para outros tipos de tumores, como o câncer de próstata.

O ácido linoleico é um ácido graxo essencial, portanto, deve ser obtido por meio dos alimentos. Ele desempenha um papel na saúde da pele, na estrutura das membranas celulares e na regulação da inflamação. Dietas modernas ricas em alimentos processados, ultraprocessados e óleos de sementes, no entanto, geralmente fornecem gorduras ômega 6 em excesso, incluindo o ácido linoleico, enquanto faltam gorduras do tipo ômega 3, encontradas em peixes, sementes de linhaça e nozes.

Esse desequilíbrio pode promover inflamação crônica, um conhecido fator que contribui para o desenvolvimento de câncer e de outras doenças.

O estudo sugere, portanto, que o ácido linoleico pode impulsionar diretamente o crescimento do câncer em contextos específicos. Isso desafia estudos observacionais anteriores que não encontraram uma associação clara entre o ácido linoleico na dieta e o risco geral de câncer de mama. Por exemplo, uma meta-análise publicada em 2023 de 14 estudos em mais de 350.000 mulheres concluiu que a ingestão de ácido linoleico não teve nenhum efeito significativo sobre o risco de câncer de mama na população em geral.

A discrepância destaca a importância de os pesquisadores analisarem especificamente os subtipos de câncer e também fatores individuais, como os níveis de FABP5 nos próprios cânceres. Outro estudo mostrou que o ácido linoleico tinha um efeito protetor contra o câncer de mama, o que demonstra por que é importante considerar tudo no contexto.

Não entre em pânico 63wq

Manchetes na mídia muitas vezes simplificam demais pesquisas complexas. Embora esse novo estudo destaque um mecanismo plausível que liga o ácido linoleico ao crescimento do câncer, ele não prova que os óleos de cozinha causam câncer de mama - longe disso. Outros fatores, como a genética, a dieta geral e as exposições ambientais desempenham papéis importantes.

Os achados não implicam que se evite totalmente os óleos de sementes, mas sugerem moderação e seletividade, especialmente para indivíduos de alto risco. Muitos óleos, como o azeite de oliva, contêm menos ácido linoleico e mais gorduras monoinsaturadas ou saturadas, que são mais estáveis em altas temperaturas.

Considere também comer mais frutas e vegetais como parte de uma dieta saudável e equilibrada.

Um estudo recente que analisou exaustivamente os hábitos alimentares dos participantes ao longo de 30 anos mostrou que dietas ricas em frutas, legumes, grãos integrais, nozes e laticínios com baixo teor de gordura estão associadas a um envelhecimento mais saudável. Nesse estudo, a equipe da Universidade de Harvard acompanhou mais de 100.000 pessoas entre 1986 e 2016. Menos de 10% dos entrevistados alcançaram um envelhecimento saudável, definido pela ausência de 11 doenças crônicas importantes e nenhum comprometimento das funções cognitiva, física ou mental aos 70 anos de idade.

Organizações como o World Cancer Research Fund enfatizam que o uso moderado de óleos vegetais é seguro e que a obesidade, e não gorduras específicas, é o principal fator dietético de risco de câncer.

Esse estudo, portanto, ressalta a importância de contextualizar as gorduras da dieta na pesquisa sobre o câncer. Embora o possível papel do ácido linoleico no crescimento câncer de mama triplo-negativo seja uma descoberta importante, ela é apenas mais uma peça de um vasto quebra-cabeça. Uma dieta equilibrada com alimentos integrais continua sendo um importante pilar da prevenção do câncer e uma estratégia que todos podem adotar.

The Conversation
The Conversation
Foto: The Conversation

Justin Stebbing não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.

The Conversation Este artigo foi publicado no The Conversation Brasil e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons
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