É falso que coreto de magnésio trate doenças como infecção urinária ou fibromialgia 2d4y4m
VÍDEO ORIENTA USO PARA CASOS DE ARTRITE, EMAGRECIMENTO E COLESTEROL ALTO; ESPECIALISTAS AFIRMAM NÃO HAVER COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA DE EFICÁCIA E CITAM RISCO 2u4m72
O que estão compartilhando: que o cloreto de magnésio pode ser utilizado para tratar uma série de problemas de saúde, como infecção urinária, corrimento, dores articulares, problemas nas cartilagens, fibromialgia, artrite, artrite reumatoide, emagrecimento, colesterol alto, e gordura no organismo. 4f5p20
O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é falso. Nutricionista, nutrólogo e reumatologista consulados pelo Verifica afirmam que não há evidências científicas que comprovem que o cloreto de magnésio possa ser usado para tratar as enfermidades citadas no vídeo. Segundo os especialistas, medicamentos ou suplementos alimentares de cloreto de magnésio só devem ser aplicados em casos de deficiência atestada em avaliação médica, por exames laboratoriais ou sinais clínicos.
A responsável pelo vídeo foi procurada, mas não respondeu.
Saiba mais: no vídeo, uma mulher orienta utilizar o cloreto de magnésio com água e limão. Ela cita as facilidades de se encontrar o produto, sugerindo um uso de rotina e sem necessidade de avaliação médica. Porém, profissionais de diferentes especialidades ouvidos pelo Verifica afirmaram não haver comprovação científica do uso da substância para tratar as condições médicas listadas no vídeo e relacionaram risco na aplicação sugerida.
Professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenadora da Comissão de Formação Profissional do Conselho Federal de Nutrição (CFN), Manuela Dolinsky classifica as alegações do vídeo como "sensacionalismo nutricional" e "fake news".
"Para adotar (o cloreto de magnésio) como recomendação em nossas diretrizes, é preciso ter um número de estudos suficientes que comprovem cientificamente a eficácia", explicou. "E isso não existe para as aplicações sugeridas no vídeo.
Chá de camomila com limão e mel não é remédio contra diabetes ou doenças do coração
O nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein, aponta que, desde que os níveis de magnésio estejam normais no organismo, não faz sentido algum a suplementação propagada no vídeo. A recomendação, segundo ele, somente se aplica nos casos em que se identifica deficiência da substância a partir de avaliação médica.
"É preciso haver uma avaliação clínica e laboratorial para aí sim determinar se existe a necessidade de reposição do magnésio", explicou. "Como uma suplementação contínua, de rotina, o magnésio não deve ser utilizado".
Chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital Moinhos de Vento, Fernando Neubarth explica que o magnésio é plenamente suprido por uma dieta equilibrada. Usá-lo como tratamento para as doenças citadas no vídeo, além de não ter base científica, pode trazer riscos.
"A liberalidade na difusão de pseudociência nas mídias sociais é uma temeridade, pois o paciente é levado a suspender ou protelar tratamentos adequados à sua condição clínica, com evidências científicas comprovadas, para seguir recomendações inadequadas", disse.
Casos em que o magnésio é recomendado
No site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), consta aprovação de cloreto de magnésio como medicamento com indicação para o tratamento de prisão de ventre ou prevenção e tratamento da deficiência de magnésio.
Há ainda formulações de suplementos alimentares com magnésio regularizados pela Anvisa. No entanto, segundo a agência, eles não são medicamentos e, por isso, não servem para tratar, prevenir ou curar doenças.
De acordo com a Anvisa, eles são destinados a pessoas saudáveis, com a "finalidade de fornecer nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à alimentação".
Segundo Neubarth, como medicamento, o magnésio é utilizado em situações específicas de constipação (prisão de ventre) ou de deficiência comprovada da substância. Já como suplementos alimentares, ele deve ser usado quando há necessidades nutricionais decorrentes de doenças ou de condições em que o magnésio não possa ser obtido na dieta alimentar normal.
Manuela acrescenta que a deficiência de magnésio pode ocorrer em casos como os de má absorção intestinal, uso prolongado de diuréticos, dietas deficientes e síndromes de má nutrição. Segundo ela, de acordo com o nível da deficiência, pode ser recomendada a suplementação de magnésio em combinação com a inclusão de fontes da substância na dieta alimentar, como verduras, legumes, oleaginosas e cereais integrais.
