Fraudes no INSS: empresa adulterava documentos para retirar dinheiro de aposentados, diz TV 506453
Formulários de 'exclusão' viravam de 'adesão', segundo testemunha que denunciou esquema da Conafer 2y2u2q
Empresa contratada pela Conafer adulterava documentos para transformar formulários de exclusão em adesão, gerando fraudes no INSS, afirma testemunha a TV; investigação resultou na saída de altos cargos do governo.
Uma testemunha-chave no caso das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) afirmou que a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer) adulterou documentos para retirar dinheiro de aposentados. 1c652d
A Conafer foi a entidade que mais aumentou os descontos nos benefícios do INSS entre 2019 e 2024.
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A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor ouviu, em junho de 2021, o empresário de Brasília Bruno Deitos. Em depoimento, ele afirmou que a empresa dele, a Premier Recursos Humanos, foi "contratada de forma terceirizada pela empresa Target Pesquisas de Mercado, que havia sido contratada pela Conafer para fazer um serviço de atualização de cadastro de associados", informou o Jornal Nacional na quinta-feira, 15.
Segundo Bruno, o contrato estabeleceria que a Premier atuaria no Distrito Federal, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Com a listagem dos associados em mãos, promotores de pesquisa recrutados pela empresa foram pessoalmente a endereços fornecidos pela Conafer para colher s dos associados em formulários de exclusão do desconto de mensalidade.
No entanto, durante uma reunião, o dono da Target teria dito que apenas o quadro de s o interessaria, informou a reportagem. Isso porque ele contrataria uma empresa especializada em alteração de documentos em PDF para mudar os formulários de exclusão para formulários de adesão. O arquivo digital obtido a partir deste trabalho incluiria 28,7 mil fichas com s.
À polícia, Bruno disse que não recebeu o pagamento pelo serviço. Ao reclamar com o contratante, disse ter sido ameaçado pelo irmão do presidente da Conafer, Tiago Ferreira Lopes.
Em outro depoimento, ainda em junho de 2021, o empresário afirmou que "o presidente da Conafer comentou em uma reunião que tinha domínio sobre os diretores do INSS", sem especificar quais, informou o Jornal Nacional.
Os documentos que comprovariam as denúncias de Bruno foram enviados pela Polícia Civil à Polícia Federal (PF) e foram anexados ao inquérito que investiga as fraudes. A operação da PF para combater o esquema ocorreu em abril deste ano. Após a repercussão da força-tarefa, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, e o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, deixaram os cargos.
À TV Globo, a Conafer informou que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. A reportagem não conseguiu contato com a Target Pesquisas de Mercado, nem com os nomes citados.