Crueldade ao vivo com pai de jovem assassinada faz Globo parecer o ‘Cidade Alerta’ 20319
Informar pela TV a um parente sobre o desfecho de um crime configura execrável sensacionalismo 1d92f
Não há justificativa para o descuido da produção do ‘Encontro’ ao entrevistar Carlos Alberto Souza, pai da jovem Vitória Regina, de 17 anos, encontrada morta após sete dias de buscas. 5g2x3q
Patrícia Poeta informou a ele, ao vivo, sobre a identificação do suspeito do crime, segundo a Polícia. Além de abalado pela perda, o homem ficou incrédulo e pediu que a informação fosse repetida.
A situação foi conduzida de maneira insensível, sem preparar o entrevistado para o que iria ouvir. Foi de uma objetividade assustadora. Nenhum pai merece descobrir o autor do assassinato da filha daquela maneira, de surpresa e superexposto na TV.
O momento trouxe à memória a vez em que Luiz Bacci, no ‘Cidade Alerta’, da Record, revelou ao vivo a uma mãe que a filha dela, grávida, havia sido morta. Ao receber a notícia, a mulher se desesperou e precisou ser socorrida pela equipe de reportagem. Aconteceu em fevereiro de 2020.
No ar, Patrícia Poeta perguntou ao pai de Vitória se ele já sabia quem era o homicida. O questionamento deveria ter sido feito por alguém da produção antes da entrada ao vivo, em respeito ao entrevistado e sua família.
A maneira como ocorreu suscitou a interpretação de que o ‘Encontro’ tentou explorar a tragédia para conseguir audiência. Tática desprezível adotada por alguns policialescos na guerra diária por décimos a mais no Ibope.
A Globo sempre foi zelosa da ética jornalística e do tratamento cuidadoso com os entrevistados. Não pode perder tais qualidades. Jamais deve se rebaixar ao nível do ‘mundo cão’.
Neste caso, além de afetar a família da vítima, a emissora prejudicou a imagem de Patrícia Poeta, que sempre teve conduta impecável diante das câmeras, e virou alvo de críticas não merecidas. Afinal, a apresentadora agiu sob a instrução da direção do programa.
