Aos 85, Sueli Franco comove com personagem à beira da demência em trama importante 76014
‘Dona de Mim’ acerta ao tocar em temática importante e pouco discutida na TV e entre as famílias com idosos 4l366e
Meu pai morreu de complicações do Alzheimer. Na última fase de vida, já não falava, não andava, provavelmente não reconhecia nenhum de nós. Parecia um corpo e uma mente em profundo sofrimento. 1d122y
Pelo que testemunhei na minha família, é impossível não se sensibilizar com as cenas de Rosa (Sueli Franco) na novela das 19h da Globo, ‘Dona de Mim’. A simpática matriarca está à beira de um diagnóstico de demência.
A cena em que, por esquecimento, ela não sabia onde estava no próprio bairro, teve forte emoção sem precisar de muitas palavras.
Assim como a conversa franca dela com o filho, Abel (Tony Ramos), após o primeiro teste aplicado por uma médica indicar a decadência cognitiva.
“Eu tenho medo de me perder de mim”, disse Rosa, emocionada. “Se eu dia eu me esquecer de você, eu vou me perder.” E se abraçaram, tomados por amor e medo.
Sueli entrega uma atuação sensível e carismática. São 85 anos de idade e quase 70 de teledramaturgia. Bonito ver uma atriz do início da TV no Brasil brilhar em um papel delicado, destacando-se entre atores de outras gerações.
Tony Ramos, outro gigante da arte dramática, transmite no olhar a tristeza pela possibilidade de ver a mãe que seu personagem tanto ama se transformar numa estranha. Vê-lo em cena é sempre um prazer.
A demência (o Alzheimer é o tipo mais comum; existem outros) é tão cruel que, de alguma maneira, adoece também as pessoas próximas.
Parentes cuidadores precisam de assistência psíquica para evitar o desenvolvimento de depressão, ansiedade e outros transtornos.
A autora de ‘Dona de Mim’, Rosane Svartman, presta serviço à sociedade ao introduzir o tema nos lares dos telespectadores.
Tão influente, a TV precisa alertar mais sobre a importância dos exames para o diagnóstico precoce da demência.
Descobrir quanto antes ajuda a atrasar a progressão dos sintomas, possibilita a adoção de hábitos para aumentar a qualidade de vida do paciente e ainda permite o planejamento familiar, inclusive em relação às finanças para o tratamento.
A coluna retomará o assunto em breve.
